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segunda-feira, 1 de junho de 2009

POLÊMICA E INQUIETAÇÃO


Processo No 2009.007.00009
TJ/RJ - TER 2 JUN 2009 09:52:40 - Segunda Instância - Autuado em 29/01/2009
Classe: DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Assunto: Controle de Constitucionalidade - Inconstitucionalidade Material
Órgão Julgador: ORGAO ESPECIAL
Relator: DES. SERGIO CAVALIERI FILHO
Repdo: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Repte: FLAVIO NANTES BOLSONARO
Adv: JOAO HENRIQUE NASCIMENTO DE FREITAS RJ133454
Legislação: LEI Nr 5346 DO ANO 2008 DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO -
Origem: TRIBUNAL DE JUSTICA DO RIO DE JANEIRO

OBSERVACOES

Observacao
: EM SESSAO DE JULGAMENTO HOJE REALIZADA (01.06.2009) DECIDIU-SE: "POR MAIORIA, DEU-SE EFEITO EX NUNC A LIMINAR CONCEDIDA, VENCIDOS OS DESEMBARGADORES MURTA RIBEIRO, VALERIA MARON, MOTTA MORAES, MARIA HENRIQUETA LOBO E EDSON SCISINIO.". PRESIDIU A SESSAO O EXCELENTISSIMO SENHOR DESEMBARGADOR LUIZ ZVEITER.



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A modulação da decisão de suspender a liminar que já entraria em vigor para o vestibular desse ano é inquietante. Inexistiria qualquer prejuízo caso fosse aplicada pelo tribunal, de imediato, independente de seus efeitos.

A segurança jurídica e/ou excepcional interesse social foram, de fato, prejudicados, só que pela fantasiosa argumentação do Estado.

Na fase do Exame de Qualificação (1ª fase) não há, sequer, escolha de instituição nem carreira. Nem, tampouco, é o momento apontado pela norma editalícia para a autodeclaração do candidato que pretende beneficiar-se do sistema de cotas, conforme previsto no item 6.1 do edital.

Além do mais, o calendário cronológico apresentado no Anexo I do mesmo edital prevê que as inscrições para o 1º Exame de Qualificação foram de 15/04 a 6/05 de 2009, ao passo em que para o 2º Exame de Qualificação dar-se-ão apenas no período de 15/07 a 5/08/2009.

Conclui-se, portanto, que o momento para opção de inclusão no sistema de cotas será, tão somente, daqui a alguns meses, não havendo qualquer impedimento legal para a mantença do edital vigente.

No caso de necessidade, por qualquer razão, de informações adicionais, havia possibilidade expressa no item 6.8 que editais, normas complementares e avisos oficiais poderão ser divulgados pelo DSEA – garantir-se-ia, dessa forma, a transparência do ato administrativo, não incorrendo em ausência de publicidade da norma nem alteração da regra, visto que todo o exposto tem previsão na regra editalícia.

Outro ponto a ser esclarecido é que o suposto prejuízo, financeiro e dos inscritos, alegado pela reitoria da UERJ, pelo bravateiro e demagogo governador, além das entidades pró-cotas SÓ OCORRERIA SE A INSTITUIÇÃO SUSPENDESSE DESNECESSARIAMENTE O REGULAR ANDAMENTO DO VESTIBULAR, O QUE JAMAIS FOI REQUERIDO PELO DEPUTADO.

Na ordem pública está compreendida a ordem jurídico-constitucional e jurídico-administrativa. A decisão liminar (ainda válida, importante ressaltar) para suspender o sistema de cotas impõe ao Poder Executivo uma obrigação vastamente prevista em lei.

A aplicação da liminar não causaria grave lesão à ordem e à administração públicas. Ao contrário, público e notório que essa situação de instabilidade é criada pelo próprio Executivo, na medida em que se mostra totalmente negligente na condução de suas políticas públicas para a educação.

O governador, assim como os representantes da UERJ e da SECT, declararou reiteradamente, durante a semana, que quem acaba com a lei de cotas é racista. A tentativa apelativa de instalar uma sensação de caos e insegurança perante a população, questionando a autonomia e independência do Poder Judiciário é maléfica, não sendo admissível, uma vez que, como é sabido, o Órgão Especial do Poder Judiciário Fluminense, antes de prolatar suas decisões, as submete a rigorosa análise, sendo inclusive decididas em colegiado.

Os ensinos fundamental e médio do Rio de Janeiro estão entre os piores do país, de acordo com estudo elaborado pelo MEC e respaldado pelo INEP, comprovando que o Estado, que se intitula tão defensor da educação, não demonstra qualquer preocupação com a democratização do acesso daqueles alunos ao ensino superior.

O que foi feito de concreto em relação à educação desde a implantação do sistema de cotas, no início da década?

Penso que o Estado, na pessoa de seu governador, deveria deixar de lado suas bravatas e atitudes demagógicas e investir verdadeiramente no ENSINO DE QUALIDADE, começando pela base (ensinos médio e fundamental), o que proporcionaria uma disputa igualitária no vestibular para o ingresso em qualquer unidade de ensino superior.

O vestibulando encontrar-se-ia em perfeitas condições de igualdade para disputar uma vaga, fazendo valer o PRINCÍPIO DO MÉRITO e evitaria qualquer atitude discriminatória e constrangedora como as que existem hoje.

A manutenção do sistema de cotas para o próximo vestibular mostra-se extremamente injusta e causa INSTABILIDADE SOCIAL e uma tremenda INSEGURANÇA JURÍDICA.

Não à toa, desde o início deste sistema de cotas vestibulandos não cotistas ajuízam, em média, 400 PROCESSOS POR ANO contra a UERJ, alegando e comprovando que não foram aprovados ainda que com pontuação superior ao cotista “aprovado”. Abarrotamento desnecessário do Poder Judiciário que será superado com a suspensão definitiva dessa lei incoerente.

Vislumbra-se, desta forma, uma excelente oportunidade para que sejam discutidas apontadas novas políticas públicas voltadas para o setor da educação, sem as mazelas do vício demagógico e oportunista que predomina nessa questão.A eficácia da Lei 5.346/2008 dá o aval para que o Estado continue inerte e negligente em relação à educação, como de costume.

6 comentários:

CRISTIANE DIONIZIO disse...

É fato que acabar com o Sistema de Cotas não é simplismente "acabar" com a oportunidade do Negro e do Pardo em "competir em igualdade" com o branco, como diz o nosso Governador, mas sim ao findarem tal sistema vão começar a "pipocar" problemas como a verificação de uma realidade que há anos vem se arrastando de forma desigual a BRANCOS, negros, pardos, amarelos, e outras designações de raça: que é o Sistema Público de Ensino, seja ele nas Esfera Municipal e Estadual.
Senhor Governador, existem brancos estudando em escolas públicas!!! que não se privilegiam de cotas. E ainda ocorre um problema mais grave: quando o negro ou pardo são inseridos através do sistema de cotas, vindo estes de escola públicas cuja base educacional é ineficiente para que possam permanecer, digo permanecer, na faculdade, mas ai Governador...o marketing e a estatística estão encerrados, não é?????

Luca disse...

Acho que conheço esse texto!!!hehehe
Lembre-se sempre que hoje apenas foi "modulado" o efeito da liminar que vocês conquistaram!!!
Parabéns pela vitória,mas principalmente pela luta!!!

André Schirmer disse...

Ontem tive que assistir passivamente uma manifestação a favor do sistema de cotas, de camarote, pois resolveram fazer todo esse movimento, aparentemente organizado por uma entidade de nome AMES (Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas), bem em frente ao prédio onde trabalho, na direção da minha sala.Como pude acompanhar, o movimento até foi bem organizado,mérito para a entidade acima citada, porém, no meu ponto de vista o foco da manifestação foi equivocado.Creio que ao invés de uma manifestação a favor do sistema de cotas, do qual sou inteiramente a favor, desde que seja oferecido a TODOS os estudantes da rede pública de ensino, levando-se em conta toda sua vida estudantil, dando prioridade aos que tiraram as melhores notas durante todo esse tempo e incentivando a continuidade desse desempenho, mas instituído de forma temporária, o foco da manifestação poderia ser a melhoria da qualidade do ensino público, que se existisse deixaria a todos em pé de igualdade para disputar uma vaga na universidade pública onde apenas os melhores entrariam, é para isso que existe a seleção (vetibular).Eu ontem ouvi um slogan, uma palavra de ordem que dizia assim: "Ô,Ô,Ô,Ô, o filho do pedreiro vai poder virar doutor." Como se isso só fosse possível com a instituição das cotas.Quantos filhos de pedreiros, engraxates, merendeiras, garis, empregadas domésticas etc, são doutores e doutoras, formados, profissionais da mais alta qualidade?? E conseguiram isso a 30,20, 15 anos atrás, em uma época onde não havia sitema de cotas, mas chegaram lá, são doutores e não "dotores" que fatalmente é o que acontecerá se aquele aluno que passou de ano no ensino fundamental sem saber ler nem escrever, que chegou ao ensino médio sem saber direito o que é um MDC, for fazer uma faculdade onde para ser admitido basta dizer que é negro, índio, etc que seu acesso será facilitado.

Daniela disse...

Parabéns pela conquista!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Pesquisa do Senado mostra rejeição ao sistema cotas raciais
Uma pesquisa promovida pelo Senado em seu site na Internet mostrou que apenas 2,7% dos participantes são favoráveis às cotas raciais nas universidades públicas.

Outros 52% concordam com as cotas sociais e 45% são contra o sistema de reserva de vagas. A enquete, no ar desde 28 de abril, havia recebido, até ontem, 357.504 votos.

O tema é objeto de projeto já aprovado na Câmara e que pode ser votado esta semana na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Gustavo Andrade disse...

a verdade joão é que a universalização do nível superior é papo de pessoas que não entendem ou sequer passaram por uma boa escola.
não é baixando o nível dos alunos e tampouco o nível dos professores que o País vai conseguir alcançar um bom nível tecnológico e reduzir as desigualdades sociais.
a Uiniversidade não é para todos... nem nunca foi.
o que sim deve ser para todos é a escola... na Universidade só os melhores....
essa conversa de cotas... meu camarada quem não tem condição fica de fora... pouco importa se é preto, azul, amarelo ou vermelho...
se o cara é azul mas é bom ele vai entrar na faculdade independente de cota...
com certeza ele não vai querer entrar pela cota.. até porque ele vai se considerar um MERDA... "AÍ ENTREI NA ESCOLA PELA COTA"
agora pro caboco que sempre foi um merda pra ele entrar na escola IME, ITA,. UFRJ, UERJ, PUC nada mais justo que a cota
minha pergunta objetiva "vai resolver o problema???" acho que não.
essa é a minha opinião

IMPORTANTE

Senhor Jornalista, a imprensa deve atribuir responsabilidades às autoridades. Caso contrário, será apenas uma omissa medíocre exercendo a função de relações públicas daqueles que afundam o país. Pense nisso!